quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Na doce cava das palavras




Gosto de beijar a doce cava das palavras, bem onde sei derramam seu leite
As entrelinhas...
Gosto das suas curvas na reta da linha
E de tudo aquilo que não sabem conter.
Guardo as palavras no meu leito silencioso.
As deixo amanhecer a seu tempo.
Após o café...
Umas ainda ficam vibrando pelo meu corpo
Outras vão, não sei nunca se regressam
O que não sei é por que me causam tanta coisa!
Acho que é por que me deparo com minha humanidade tão frágil
E este medo de ser um ser só
Sem comunicar quem sou.
Acho que é.
Nunca sei de fato, mas sinto...
Sinto tão intensamente!
Que nem sei.

Um comentário:

  1. Lindo Baby,

    É nesse instante, quando nos vemos incapazes de comunicar,
    que nos sentimos sós.
    Acredito na existência do entendimento, ainda que mínimo,
    Mas a palavra dita não dá nada senão uma vaga idéia,
    realidade distorcida e limitada, de uma essência incompreendida.
    O sentimento não consegue se revelar,
    Não basta qualquer palavra, gesto ou olhar.
    É da natureza do homem viver aprisionado em si mesmo,
    Ninguém é capaz de sentir o do outro
    Pois para sabê-lo, deveria sê-lo...
    Me lembrei do poema de Fernando Pessoa...

    “O amor, quando se revela,
    Não se sabe revelar.
    Sabe bem olhar p’ra ela,
    Mas não lhe sabe falar.

    Quem quer dizer o que sente
    Não sabe o que há de dizer.
    Fala: parece que mente.
    Cala: parece esquecer.

    Ah, mas se ela adivinhasse,
    Se pudesse ouvir o olhar,
    E se um olhar lhe bastasse
    Pra saber que estão a amar!

    Mas quem sente muito, cala;
    Quem quer dizer quanto sente
    Fica sem alma nem fala,
    Fica só, inteiramente!

    Mas se isto puder contar-lhe,
    O que não lhe ouso contar,
    Já não terei que falar-lhe
    Porque lhe estou a falar...”

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