sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Henri



Seu grande infeliz
Você estragou toda a trapaça
Abriu as cortinas poeirentas
Deixou a verdade à mostra
Seu grande infeliz
Queimas-te teus desejos na embriagues das ruas
Soltaste teu grito na “comunhão” da casa
Fizeste da desilusão tua dama
E agora temos que ver
Não nos resta nada alem de saber.
Estamos cansados estamos desarmados
Enquanto tu solta tua irônica risada
E da bons goles na boca da garrafa.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Descobridor



Qual teu verdadeiro nome?
Este que te deram não creio seja teu.
Qual alma teu corpo esconde?
Quem te fez assim tão presa?
Criatura tão de terra achando ter estradas que levem de quem é.
A ilusão é tua dona
O esquecimento teu remédio
Cego é teu coração
Tateando vais na escuridão onde te encerra.
Pobre animal feito de dor.
O que te salvará nesta selva?
Tens fome e nem sabe de que!
Sofre tua solidão
Quando busca abrigo
Em outros corpos torpes e cegos como o teu.
Qual teu nome?
Quem verdadeiramente é de baixo de tanta carne?
Humana criatura
Feita de desejo e culpa
Que se nega quando quer.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

os homens




Hoje os vi na rua
Os homens
Os vi quando passavam depressa
Pegavam um trem lotado,
Acotovelavam-se.
Os vi nos carros
Velozes, praguejando contra o tempo
Se engavetando...
Olharam-me alguns de modo tão estranho.
Pensei:
-Será que este é meu mundo?
Não sei não,
Mas acho que errei o caminho de casa

Na doce cava das palavras




Gosto de beijar a doce cava das palavras, bem onde sei derramam seu leite
As entrelinhas...
Gosto das suas curvas na reta da linha
E de tudo aquilo que não sabem conter.
Guardo as palavras no meu leito silencioso.
As deixo amanhecer a seu tempo.
Após o café...
Umas ainda ficam vibrando pelo meu corpo
Outras vão, não sei nunca se regressam
O que não sei é por que me causam tanta coisa!
Acho que é por que me deparo com minha humanidade tão frágil
E este medo de ser um ser só
Sem comunicar quem sou.
Acho que é.
Nunca sei de fato, mas sinto...
Sinto tão intensamente!
Que nem sei.

Quando o amor me quiser eu vou



Quando o amor me quiser eu vou
Vou cega e segura e firme mesmo, a saber, que nem posso sustentar esta leveza e esplendor.

Vou ao ardor da carne, mas com as asas de louvor.

E sem calma mesmo sem pudor
Por que o que vale a nos animais conscientes se não fielmente sofrer pelo amor?

E não me venha pedir equilíbrio que este corpo é um conflito entre paz e dor
Por isso me deixem amar!

Vale-me o sentimento verdadeiro muito mais que essa mente que me pergunta

Tanta coisa sem resposta
A verdade dos amantes é simplesmente se entregar

E viver a vida com a inocência das coisas sentidas...

Impossíveis de explicar

Casa cantada



Eu fiz com amor a canção só pra ser tua
Não tinha versos e sonhos

Mas tinha um bom dia-dia
Na cama um cheiro de sono

Na sala jornal e bom dia
Eu dei de mim de verdade

Você que nunca percebia
Não tinha às vezes refrão

Mas teve bastante alegria
Na cozinha saladas

E no sofá tesão
Mas tu nem bem me escutava

Achou a musica cantada tão sem razão
E calou nossa vida casada

Na secura tola de um não

Dama louva-a-Deus




Conta destes teus sonhos com pálpebras semicerradas
Insones sem a resguarda de afeto no teu peito
Amores imperfeitos deixaram vazio teu leito!
Agora tu sôfrega o corpo entre as cobertas
Febril de ter janeiro a suar em tuas costas.
E no travesseiro o corpo enrosca a chorar de manhã cedo…
Por que se foram teus amantes…
Todos cegos pelo medo

Por poder do tempo




Tinha feridas de tempos
Cortadas por lamina de silêncio
Um grito e tudo feito!
Cortou o ar com seu egoísmo
Mas era tarde de mais para mentir
Então falou de si como um perdido entre todos os que se achavam estar sempre perto de tudo
E voltou ao mundo quase a ponto de partir
Por vontade da corte das loucas verdades ditas por ninguém
À vontade refém da multidão de mudos surdos
Retardados com tempo regredido
Com idéias comuns
Com comuns silêncios
Dentro do mundo nunca era dele
Em desalento seu verso foi seu escudeiro
Mas que versos eram esses que guardados em cadernos empoeirados
Tinham desejos utópicos de liberdades alheias?

Então abriu as portas e as janelas de dentro de si mesmo
E deixou que suas feriadas em pus transbordassem as avenidas do medo

Olhos de esmeralda




Percebo teus olhos… Bem de canto
Espero teus deslizes.
Quando postos estão no distante
Ou quando buscam um silêncio, infelizes.

E é então que num susto, que eu te deixo estes meus olhos de assalto.
E tu sem ter guarda e como que encantada…
Entrega-me toda beleza e o penhor…
Destes teus olhos de esmeralda.

Esconde-me



Ama-me!
Não com palavras
Estas são apenas som, apenas soam.

Leva-me!
Mas não como o tempo
Que este te escapa te leva a alma, o sonho bom.

Ama-me… Guarda-me!
Como teu próprio coração
Que pulsa concreto e vivo
Que sangra, traz a dor, a emoção.


Mas se assim não puderes, meu amor.
Deixa-me apenas escrito
Num poema perdido
Do teu jardim sem flor.