domingo, 21 de novembro de 2010

Eu menti




Eu fui um marinheiro
Eu fui um rei de mim
Eu menti
Estava fraco demais para aceitar
A guerra, o mar
Eu fugi para dentro do encantado
Hoje, me despindo das ilusões
Vejo meu corpo, ele treme de frio
Por que sente muito
Tudo aquilo que temeu
Não ter gritado na dor sofrida
Não ter rido no torpor da carne
Ter caído antes da falta
Ter sumido sem adeus.

A gaveta



Aquela gaveta era cheia de lembranças
E joguei a chave fora na intenção de esquecer
Todas as horas passadas na agonia do amor que tu me deu
A gaveta está trancada
São tantos sonhos que não posso voar
Preciso do agora
Me agarro às coisas vindas
Não posso voltar para dentro das cartas de amor
Que imagino mofando na gaveta
Que lhe comam as traças!
Façam-me o favor
E me perdoe amor
Mas é preciso esquecer para seguir


Dança




A dança daquela menina me encantava
Era leve como pássaro ao vento
E fogo no meu coração de brasa
Brandava em meu corpo que se quebrava
Onde desfeita em praia mansa
Meu corpo pranteava
Ela bailarina balanceava
Meu ser pequeno disparava
E tudo era vento
Vento varrendo as palavras
Que eu lhe poderia jurar as juras mais santas
Que do amor lançaria
Mas ela ao certo riria
Na sua loucura riria
Da minha canção tão gemida aos pés dela
Agora nada me cabe dizer mais
Apenas que ela não dança
E que eu fiquei
Afogado de medo no amor que passou.